"you don't choose the things you believe in, they choose you."

Minority Report (2002)

miércoles, noviembre 07, 2007

rapsódia romântica
Karma

É... esse é um daqueles momentos em que eu costumo parar na frente do espelho, respirar fundo, olhar para essa minha cara de ‘tacho’ e dizer em alto e bom som: “é velho... agora fudeu!!” e é bem por aí... Os sintomas eu já conheço há tempos. Acostumei-me a vivê-los ao longo da puberdade e já há tempos que os mesmos não tornam a incomodar. Parecia uma vacina. Você passa por isso umas duas ou três vezes e fica calejado e imune. Ledo engano. Acabo de ter uma recaída. Maldita recaída. Os sintomas foram se manifestando pouco a pouco, de modo a não criar alarde, pois isso poderia atrapalhar a proliferação da ‘coisa’ através de meus genes. Um leve interesse em procurar saber alguns detalhes logo se transformara numa ansiedade tamanha pela sua chegada a cada atraso de poucos minutos. Tava na cara que isso só podia dar em merda. Depois veio aquela subserviência despretensiosa e sem sentido. Aqueles instantes a mais em que você fica no local que já deveria ter deixado só para ocupar mais alguns minutos de companhia. O próximo passo já seria crucial. E maldita foi a hora em que me propus a acompanhá-la até sua casa. Dali já não tinha mais jeito, e eu já sabia disso, mas não imaginei que fosse tão grave. Logo viria o convite para sair, as conversas mais longas, a curiosidade mútua em querer saber, querer entender, querer perguntar e de repente eu já queria tudo. E vem o calafrio quando a vejo no fim do corredor, a ânsia de que a noite passe para revê-la no dia seguinte e, o pior de todos os males, as horas intermináveis a espera de um telefonema. As reações envolvidas são determinantes. Nesse caso são as piores possíveis. E aí eu pergunto: “puta que pariu!! Tá vendo onde você foi se meter?” Agora é tarde. Voltar atrás é um caminho penoso e sofrível e eu não quero segui-lo. Seguir em frente é um caminho onde a direção se perde nas mãos alheias. E agora!? Fazer o quê!? O que é que eu faço quando você não me liga se já faz tanto tempo que esperar ligações alheias já não me causa o menor desconforto? O que é que eu faço se você não aparece se já faz tanto tempo que não sinto esse tremor na espinha ao esperar por quem quer que seja? O que é que eu faço quando encontro suas amigas no corredor e aquela vontade sem limites de perguntar por você vem à tona e eu quase não sei mais como segurar se já faz tanto tempo que não pergunto mais por ninguém e apenas escuto perguntarem por mim? Deve ser o que chamam de justiça poética, ou divina, tanto faz... eu pago hoje, com minha ânsia de vômito, pela indiferença que reservei a tantas outras no passado. É como se diz por aí: aqui se faz, aqui se paga. Você, agora, deve ser o meu karma.