– vamos fazer o quê hoje?
– hein!? nada... ficar em casa.
– ãh!?
– por quê?
– vamos sair...
– ah, não tô a fim...
– por quê?
– porque não quero. prefiro ficar com você em casa.
– que saco!! a gente sempre fica em casa.
– e qual é o problema nisso?
– eu quero sair! ir pra rua! ver gente!
– olha ali da janela...
– hmmpft!!
– o que foi?
– você ainda pergunta?
– eu não quero sair, prefiro ficar em casa...
– você sempre quer ficar em casa. a gente nunca sai, nunca faz nada.
– mas é tão bom ficar em casa...
– você é muito chato!
– eu sei! e você já me conheceu assim. já sabia disso quando nos casamos.
– eu conheci você naquela boate. quando solteiro você vivia na farra.
– eram outros tempos...
– por quê?
– eu era solteiro.
– e agora que casou não pode mais sair de casa?
– pra quê? se eu quisesse continuar com minha vida de solteiro não tinha casado.
– como é!?
– se eu me casei foi pra ficar em casa e não ter que sair correndo atrás de mulher.
– ah, é assim?!
– e também porque eu te amo, amor.
– sei...
– olha, se você quiser sair pode ir só, tá bom?
– posso? não tem problema?
– claro que eu não vou gostar, mas o que é que eu posso fazer!? não posso prendê-la em casa só porque eu não quero sair.
– poxa! mas você nunca quer fazer nada?! eu quero ir pra rua, ver gente! eu tenho amigos também, sabia?!
– chama eles aqui.
– pra quê!? pra ficarmos enfurnados nesse apartamento? ainda mais com você, que não gosta deles...
– não mesmo.
– porra! você é muito bicho-do-mato mesmo!
– por quê? só porque não gosto dos seus amigos idiotas?
– na sua concepção!
– pra mim é o que basta! é a única concepção que eu posso ter.
– que saco!!
– olha, se você quiser sair com eles pode ir. eu não digo nada.
– eu não quero ir sem você. não tem graça!
– você quer a mim ou aos seus amigos?
– os dois!
– mas não pode ter. não ao mesmo tempo.
– eu sei, você é muito chato.
– então vá fazer o que te der vontade sem mim.
– eu não quero fazer nada sem você.
– então entramos num impasse.
– não dá pra ter um meio termo?
– como um meio termo?
– um meio termo, ora!
– você quer sair de casa e eu quero ficar... você quer ficar comigo, mas eu não quero ir com você. não existe meio termo pra isso.
– a gente sai e volta cedo.
(olha pra ele com aquele olhar que sempre consegue tudo)
– por favooooor...
– aiaiaiai... tá! o quê você quer fazer?
– sei lá?! me diz algo que você queira fazer.
– nada.
– hmmmm...
– vamos ali na sorveteria e voltamos pra casa em seguida.
– não!!
– então resolve você, ora...
– vamos no cinema.
– que tal um DVD?
– aaaaaaargh!!!
– tá bom! tá bom! tá bom! cinema.
– oba!!!
– mas vamos cedo, na sessão das seis. assim estamos de volta até às nove.
– às dez!
...
– nove e meia.