viernes, diciembre 24, 2004
três pontos
jueves, diciembre 16, 2004
três pontos
Corpo Estranho, Corpo Íntimo
jueves, diciembre 09, 2004
três pontos
Vaso de Mármore
Que parte de minh’alma, outrora dissecada pelo seu olhar e agora incrédula com o seu cinismo, se enegreceu e virou pó entre meus dedos trêmulos quando você estuprou a minha mente para deixar marcas tão profundas?
Que parte de minhas funções vitais ficou comprometida com a sua ausência? Que parte de meu cérebro tenta hoje se refazer? Reorganizando as sinapses para tentar reaver os destroços de minha mente que você levou consigo, deixando apenas memórias amareladas gravadas num CD quebrado.
Que parte de meu corpo me restou se tudo o que me pertencia era seu? Em verso, em prosa, em poesia. Em sede, em fome, em dor. Em prazer, em ódio, em amor.
Que parte de meu ‘eu’, confuso e casto, você levou consigo? Deixando-me apenas uma sombra de mim mesmo. Sombra sem luz, sem sol, sem forma e cor.
Que parte de mim foi embora com você? Que parte hoje me falta? Que espaço vazio é esse, sem referência, sem pista, sem uma lembrança qualquer do que já tenha sido, que ocupa meu superego enfermo?
Caminhando a esmo em busca do que eu sou.
Juntando os cacos de meu ser que você deixou jogados pelo chão.
Que parte de mim era você?
Que ocupava este espaço hoje vazio, frio e inóspito que me preenche de nada.
Que me transforma disforme.
Que me consome.
O que havia de mim neste canto hoje tomado pelo vácuo?
Ausência absoluta de tudo
ou nada.
Porque se um dia você me foi tudo,
Hoje, sem que você exista, até o nada já deixou de fazer sentido.
A não ser pela total inexistência de qualquer coisa que seja,
no caso você.