"you don't choose the things you believe in, they choose you."

Minority Report (2002)

lunes, marzo 20, 2006

rapsódia romântica
Copperwheels of Catharin

não. eu não quis acreditar, e não quero ainda, mas depois da última noite não há mais como negar o efeito desses encontros. isso já se tornou um tormento diário com hora marcada para mim. como pude deixar acontecer? eu te digo: deixei porque sequer me dei conta, até então. deixei porque parecia impossível que você fosse capaz de burlar todas as minhas defesas com essa sua meiguice e essa cândida pseudo inocência despretensiosa e desatenta. mas como seguir negando agora? e como conviver com a idéia absurda de que não há como? de que eu não posso? não quero, mas quero ao mesmo tempo e simplesmente não posso. fato que faz do meu livre arbítrio um sopro numa corrente. depois de tantas tentativas de me tornar senhor de meu destino, vejo cair por terra meus esforços numa avalanche torrencial de desejos inocentes. eu, que já me considerava curado da adolescência, que já havia desistido de me esforçar para não ser mal, que já havia sucumbido à condição de cafajeste sem limites ou escrúpulos (ou ao menos tentava), tenho agora que ouvir você me mostrar o quanto ainda posso ser bom. me trazendo de volta a essa vida de consciência e realidade controladoras. agora procuro me desvencilhar dos efeitos desse absinto inflamado que você despejou em minhas veias e tudo que enxergo é a absoluta falta de luz no fim do túnel. porque a responsabilidade que eu já havia esquecido me impede de seguir em frente ao mesmo tempo em que a causa dela me prende como uma âncora ao chão. quando a percepção da realidade revelou-me as novas perspectivas na última noite, tudo o que pude fazer foi negar, mas já era tarde. era tarde porque, em essência, eu sou isso tudo o que você despertou em mim, e nada daquilo que tentei sustentar abduzindo a mim mesmo num meio inóspito intrínseco a meu corpo. porque quando a grande foda do ano se transforma em um mero exercício de obrigação e culpa meus sentidos se desligam e não me deixam mais absorver o mundo a minha volta. porque ela estava ali, a minha frente, ardendo de desejo, e tudo o que eu conseguia imaginar era o seu rosto latejando em minha mente, sufocando meu peito e me impedindo de respirar. porque foi por sobre ela que transcrevi cada linha de tudo o que escrevo agora para você, desde a minha alma até o branco de minhas memórias. porque eu preciso de alguém que me desperte mais do que tesão. já cheguei ao cúmulo do absurdo e, deste ponto, não há mais para onde descer. fiz poucas coisas tão sem sentido na minha vida quanto isso. transar com uma mulher pensando em outra é algo que não me dá barato. e isso tem que significar alguma coisa...