"you don't choose the things you believe in, they choose you."

Minority Report (2002)

miércoles, junio 01, 2016

divagar impreciso
eu, o tempo e o vento...

não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas
nunca fui bom em esperar. minha relação conturbada com o tempo, minha ansiedade que me desconecta do presente e me invade com um jorrar torrencial de adrenalina me impede de simplesmente ser. ser enquanto o tempo é. pois costumeiramente tenho dom de me transportar do agora para o antes ou, mais frequentemente, me perco nos labirintos de um depois infinito de possibilidades. me agarro ao que houver de pior. busco no fundo de minh’alma uma fuga para a obsessiva vontade de controlar o tempo, mas toda vez que duelo com ele, ele me derruba. me avisando que, inexoravelmente, irá sempre ser o senhor do meu destino. e que não há poder algum sobre a terra capaz de destroná-lo e me dar qualquer lampejo de ordem. sou puro caos, desfeito entre os pedaços do tempo que ainda não é. apavorado com um mundo que ainda não é. vagando entre estradas que se cruzam e, cada vez mais me desconectam da realidade que construo com minhas escolhas. as quais, invariavelmente, me conduzem aos mesmos erros que repito insistentemente na vã esperança de obter diferente resultado para ações que me tomam. que me tornam sem controle algum. mas quando o solfejar do vento me devasta com o seu perfume, me ancora no que é. no que somos. juntos, embora separados e desejosos de nós mesmos. vejo-o lamber os seus cabelos e sonho com o dia em que meus dedos deslizam por entre eles banido de culpas e livre de tormentos. sonho. e meus sonhos me conduzem de volta ao vazio do tempo que não é. sofrer caoticamente pelas possibilidades de ter e não ter. de poder e não poder. pela pura invariável incerteza. a incerteza me move, mas me corrói por dentro. as certezas me paralisam, mas me trazem paz. uma que me parece levar você pra longe. definitivamente. então escolho o caos, a dor, a solidão do não saber, o desespero do não poder conter o esperar em mim, a angustia de uma esperança perdida em um tempo que não me é. uma dor dilacerante por esperar ter o que me parece proibido mesmo que me oferecido de bom grado. um descompasso... atravessado pela frustrante verdade de que não mais tenho controle de mim, projetado que estou em um tempo em que seria feliz. simplesmente não o sou... sem você por aqui.