"you don't choose the things you believe in, they choose you."

Minority Report (2002)

lunes, enero 08, 2007

três pontos
Invasões Bárbaras

passados todos os anos de montagem da minha personalidade e caráter. desde a fase dos aprendizados mais básicos até a puberdade, culminando com a busca de uma identidade própria na adolescência para estar apropriadamente formado na chegada da primeira pseudo-maturidade de vinte e poucos anos de vida irresponsável. continuo buscando determinar aquelas verdades que devem permanecer e aquelas das quais devo abrir mão. selecionar o que é dogma, o que é preconceito, o que é atitude, o que é teimosia, o que é motivo, o que é paixão, o que é entusiasmo, o que é razão. mas perco o controle das minhas certezas quando me desmancho no maço de crenças que se embaralham na minha percepção de mundo cinzenta e não encontro mais fé nenhuma em sequer uma parte do corpo. tomo nota dos fatos que se desenrolaram ante meus olhos e acrescento os capítulos da história que é escrita ao vivo diante de uma platéia de espectadores passivos na qual me encaixo. percebo que não há nada em meu caderno que me leve a ter um mínimo impulso de desejo por mudança. dando-me conta de que a verdade do mundo é outra que não esta impressa em livros. que a religião não é porta de salvação para nenhum dos nossos pecados. que o comunismo é uma utopia que caiu em desuso diante de todos, junto com aquele muro, e não pode nos dar mais nenhuma esperança. que o capitalismo não se preocupa com bem estar de ninguém e só levará a uma cada vez mais crescente desigualdade de valores, de classes, de poder, de dignidade. que o liberalismo não passa de um conto de fadas às avessas. que a globalização só globaliza na verdade às mazelas sociais e não fará do mundo um lugar nem de longe mais justo. que a tecnologia pode criar todos os meios para salvar vidas, mas sempre haverá um meio de usá-la para retirá-las. que a igreja é uma farsa. que Darwin estava certo. que o império da liberdade americano está ruindo. que ninguém é incorruptível. que todo político é, em essência, um escroto. que a sociedade que se deteriora produz dentro de si própria, os agentes de sua ruína. que a família é uma instituição auto-dissolúvel. que as guerras, a cada século que passa, encontram cada vez mais torpes razões de ser e existir. que a pólvora é hoje, tão somente, uma chave para o controle populacional. que todos os símbolos de liberdade do mundo moderno não são nada mais do que isso, símbolos. que o mundo é injusto. que a vida é ingrata. que a amizade, mesmo quando consensual, nunca deixa de ser algo condicional. que o amor não é algo em que realmente valha a pena se apegar, devido aos enormes riscos envolvidos, dada a sua condição finita. que o sexo em si, embora de extrema importância, não é a única coisa importante dos relacionamentos, tornando-os ainda mais complicados. que a lei de Murphy não foi criada à toa. que nada te dá garantia de que a pessoa ao teu lado hoje estará ao teu lado amanhã. que ninguém fará mais por você do que por si mesmo. que ninguém fará mais por você do que você mesmo. hoje, eu acredito apenas em mim.