"you don't choose the things you believe in, they choose you."

Minority Report (2002)

martes, septiembre 19, 2006

da série
Luís
parte II - 300 picaretas

“homens não seguem homens, seguem idéias.”
Ele conheceu o homem que proferiu esta frase e, com a benção do novo amigo, partiu acreditando que faria do seu povo uma nação tão grande quanto poderia ser. Deste honrado amigo, companheiro da luta pela liberdade, tirou lições, inspiração e paixões. Seu nome era Fidel, e ele nunca desistiu. Enfrentou com empenho uma ditadura tirânica sem esmorecer jamais. Primeiro judicialmente, depois ideologicamente e por fim, vendo todos os seus esforços se fazerem inúteis na busca pela realização dos anseios de seu povo, com armas em punho e uma idéia na cabeça, comandou um levante que tomou as rédeas de seu país das mãos de déspotas sanguinários e entregou-as ao povo em suas próprias. Assim como seu novo amigo, ele acreditava numa idéia, mas ao invés de um único antagonista, seu povo tinha vários. E ele sabia – teria de vencê-los democraticamente no plano ideológico, um a um, para atingir a libertação tão sonhada. Aprendeu, dia após dia, que o caminho tortuoso se faria cada vez mais penoso; que muitos dos que o acompanhavam tombariam no decorrer da dura jornada; que muitos seriam corrompidos e vários simplesmente desistiriam de lutar enquanto outros se aliariam a sua causa. Num ciclo de homens que vem e se vão para manter acesa a chama de uma idéia. E firme, ele sustentou-se diante das ofertas, tentações e ameaças que o quiseram derrubar. Ele percebeu que os déspotas eram muito mais e maiores do que pensava e que ficava cada vez mais difícil enfrentá-los. Pois o seu povo, sentido, sofrido, alienado e abduzido da fé em si próprio, entregara seu destino nas mãos daqueles que o iludiram e o fizeram acreditar que não apenas bons ou melhores, eram também os únicos capazes de guardá-los. A mais bela tribo era dia a dia arrasada por ser inocente, convencida de que era prova de amizade ser destituído até mesmo do que já não se tinha. O seu povo era ingênuo e não eram poucos os corruptos dispostos a se aproveitar de tais circunstancias, entre aqueles que o representavam com tanto vigor e ostentando palavras de ordem democrática, eram quase todos. E era difícil convencer um povo deposto de sua liberdade por tanto tempo, de que não era incapaz de cuidar de si mesmo; fazê-lo entender que sua dignidade estava ao alcance de todas as mãos que se pusessem a lutar por ela em lugar de seguir esperando pela vinda de subseqüentes salvadores da pátria que findavam sempre por violentá-la mais e mais. Mas isso um dia teria de mudar.