"you don't choose the things you believe in, they choose you."

Minority Report (2002)

viernes, junio 03, 2005

curtas
Sangue e Fritas

Tomara banho de rosas naquela tarde, cheirava como as próprias. Exalava o seu perfume que se confundia com o das flores pelo jardim. Mas ele só conseguia sentir o odor forte do seu sangue. Um cheiro forte invadia suas narinas e fazia sua língua salivar e sua garganta secar. Seus olhos tremiam de tanto desejo e sua pele ardia. Ele tinha sede. Fitou-a desde a janela da torre com uma firmeza incomparável que a fazia gelar a espinha. Sentiu aquele calafrio descer desde a nuca através do pescoço, ouriçando-lhe os pêlos de todos os membros. Sentiu aquela presença nefasta no despejar de um jato de adrenalina em suas veias, disparando sua freqüência cardíaca e intensificando ainda mais o cheiro que subia de seus poros e o fazia sentir cada vez mais sede. Virou-se subitamente cruzou o olhar da criatura que já brilhava em sua direção com seu poder irresistível. Ela tremeu, mas o frio que lhe descia até o cóccix retornava subitamente como um calor que lhe subia desde a virilha até o pescoço. Caminhou em sua direção, compartilhando de seu desejo, suas fantasias, sua sede. Percorreu a calçada de mármore que a conduzia através do jardim em direção a escada. Subiu degrau por degrau, enquanto já conseguia sentir o peso da sua mão apertar-lhe o pescoço. Ela já o desejava como nunca antes desejara ninguém mais na curta vida que lhe foi permitida viver até aquele momento. Postou-se em frente à porta, esperou-a abrir por completo e adentrou o salão daquela enorme e sombria mansão de paredes tão antigas quanto a própria criatura que habitava aquela fortaleza. Sequer percebeu o peso com que a porta se bateu, sozinha, às suas costas, deslocando com ferocidade o vento que levantava o seu vestido. Desfez os laços no decote e deixou as vestes descerem ao solo, revelando seu corpo esguio de belíssimas formas e textura suave como a seda mais cara de sua época. Caminhou por entre os corredores úmidos do castelo até alcançar as sujas e fétidas masmorras que a levariam aos aposentos do seu predador. A última porta, enfim, se abria. Seus olhos a ofuscavam com um brilho escarlate tão forte quanto o sol. Ela já não via mais nada, já não pensava mais nada, já não sentia mais nada a não ser aquele desejo. Ele aproximou-se de sua nova consorte com profundo deleite e abriu a boca com a ânsia de um faminto, mostrando suas lisas e brilhantes presas, ao passo em que ela erguia a cabeça e deixava cair sobre um ombro os longos cabelos negros, deixando a mostra sua suculenta jugular. Avançou como uma fera sobre sua caça e...*

(escuridão...)

- Eeei!!!
- O que foi isso??
- Faltou luz...
- Que saco!!
- Será que estragou o DVD??
- Se estragar a gente processa a concessionária e fatura uma nota.
- A-hám! Até parece...
- Tá bom...
- E então? O que a gente faz agora?
- hmmm...
- O quê??
- Eu posso te levar pra cama, morder seu pescoço, sugar todo o seu sangue até fazer de você minha escrava sexual, para realizar todos os meus desejos... que tal?!
(...)
- Pega ali uma vela na cozinha, por favor.
- ... tá, já tô indo...