três pontos
Labirinto
por eles caminhei cego e em silêncio
buscando uma vela que me mostrasse aonde eu iria chegar
os corredores eram estreitos, frios e úmidos
percorri lentamente cada viela, atento a tudo a minha volta
o eco dos meus passos me seguindo
marcavam o meu compasso arrastado, quase fúnebre
Os caminhos que segui até aqui me deixaram tonto, atordoado
me encurralaram em cadeias enormes de escadas e bueiros
tropecei pelos corredores e senti o bafo gélido da solidão
cheguei ao chão, ao fundo, ao fosso de meus instintos mais corruptos
sempre levado pelas trilhas escuras desta estrada sem saída
que me prendeu em suas margens, em seus caprichos
em suas rotas confusas e infinitas, circulares, instáveis
busco até hoje a saída
a porta certa
uma certa direção
que me leve de volta a superfície
qualquer coisa que se respire
qualquer desejo que não seja vão
para voltar a sentir
para voltar a ser livre
para voltar ao início de tudo
e não ser privado da chance
de tentar de novo
para voltar a ser belo
para voltar ao que quero
para retomar o caminho
e não me privar da oportunidade
de viver outra vez
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